No envelhecimento saudável, a qualidade dos hidratos de carbono é importante
Estudo associa o consumo de hidratos de carbono de alta qualidade e de fibras alimentares na meia-idade a uma melhor saúde nas mulheres idosas
A ingestão de fibras alimentares, hidratos de carbono totais e de alta qualidade na meia-idade foi favoravelmente associada a um envelhecimento saudável e a outros resultados positivos para a saúde das mulheres idosas, de acordo com um novo estudo realizado por investigadores do Centro de Investigação em Nutrição Humana sobre o Envelhecimento (HNRCA) Jean Mayer USDA da Universidade Tufts e da Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan. O estudo foi publicado a 16 de maio na revista JAMA Network Open.
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"Todos nós ouvimos dizer que os diferentes hidratos de carbono podem afetar a saúde de forma diferente, quer seja no peso, na energia ou nos níveis de açúcar no sangue. Mas em vez de olharmos apenas para os efeitos imediatos destes macronutrientes, quisemos compreender o que podem significar para uma boa saúde 30 anos mais tarde", afirmou Andres Ardisson Korat, cientista do HNRCA e principal autor do estudo. "Os nossos resultados sugerem que a qualidade dos hidratos de carbono pode ser um fator importante para um envelhecimento saudável".
Os pesquisadores analisaram dados de questionários do Nurses 'Health Study coletados a cada quatro anos entre 1984 e 2016 para examinar as dietas da meia-idade e eventuais resultados de saúde de mais de 47,000 mulheres com idades entre 70 e 93 anos em 2016. A ingestão de hidratos de carbono totais, hidratos de carbono refinados, hidratos de carbono de alta qualidade (não refinados), hidratos de carbono provenientes de cereais integrais, frutas, legumes e leguminosas, fibra alimentar e o índice glicémico e a carga glicémica da dieta foram obtidos a partir dos questionários validados de frequência alimentar. Os investigadores definiram o envelhecimento saudável como a ausência de 11 doenças crónicas importantes, a ausência de deficiências cognitivas e de função física e uma boa saúde mental, tal como auto-relatado nos questionários do Nurses' Health Study. No novo estudo, 3.706 participantes corresponderam à definição de envelhecimento saudável.
A análise revelou que o consumo de hidratos de carbono totais, de hidratos de carbono de alta qualidade provenientes de cereais integrais, frutas, legumes e leguminosas e de fibras alimentares totais na meia-idade estava associado a uma probabilidade 6 a 37% maior de envelhecimento saudável e a várias áreas de saúde mental e física positivas. No sentido inverso, o consumo de hidratos de carbono refinados (hidratos de carbono provenientes de açúcares adicionados, cereais refinados e batatas) e de legumes ricos em amido foi associado a uma probabilidade 13% inferior de envelhecimento saudável.
"Os nossos resultados são coerentes com outras provas que associam o consumo de frutas e legumes, cereais integrais e leguminosas a um menor risco de doenças crónicas, e agora vemos a associação com os resultados da função física e cognitiva", disse o autor sénior Qi Sun, professor associado nos departamentos de nutrição e epidemiologia da Harvard Chan School.
Os autores referem como limitação o facto de a população do estudo ser composta maioritariamente por profissionais de saúde brancos; será necessária investigação futura para reproduzir estes resultados em grupos mais diversificados.
Ardisson Korat observou também que é necessário mais trabalho para compreender os potenciais mecanismos que ligam a fibra alimentar e os hidratos de carbono de alta qualidade a um envelhecimento saudável.
"Os estudos estão a começar a encontrar uma associação entre as escolhas alimentares na meia-idade e a qualidade de vida nos anos seguintes. Quanto mais compreendermos sobre o envelhecimento saudável, mais a ciência poderá ajudar as pessoas a viver com mais saúde durante mais tempo", acrescentou Ardisson Korat.
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