Tecnologia aumenta a produção de lúpulo no Brasil e abre caminho para novos bioprodutos

08.12.2025
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Apesar de ser o terceiro maior produtor e consumidor de cerveja do mundo, o Brasil depende quase que exclusivamente da importação de lúpulo. Menos de 1% do ingrediente responsável pelo amargor, aroma e sabor da cerveja é cultivado localmente. No entanto, um novo projeto envolvendo cientistas e produtores brasileiros na região do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo, busca mudar esse cenário. O projeto visa tornar a produção nacional de lúpulo mais eficiente e viável, além de impulsionar o desenvolvimento de novos bioprodutos.

O projeto nasceu no âmbito do Centro de Pesquisa em Dinâmica da Biodiversidade e Mudanças Climáticas (CBioClima), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela FAPESP e sediado na Universidade Estadual Paulista (Unesp). O projeto investe na extração supercrítica com dióxido de carbono (CO₂), tecnologia já consolidada em países como Alemanha e Estados Unidos. Esse método extrai com eficiência os compostos aromáticos e bioativos do lúpulo, reduzindo os custos logísticos e melhorando a qualidade da cerveja.

"O lúpulo brasileiro é normalmente vendido em pellets [flores desidratadas e prensadas] para as cervejarias. No entanto, com essa tecnologia, o lúpulo pode ser comercializado em forma de óleo, o que, além dos ganhos logísticos, proporciona resultados na produção de cerveja muito superiores aos métodos convencionais", explica Levi Pompermayer Machado , professor da UNESP e um dos pesquisadores envolvidos no projeto.

Além da CBioClima, participam do projeto o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), a incubadora Aquário de Ideias, com startups do Vale do Ribeira, além da Bioativos Naturais e da Kalamazoo - duas empresas apoiadas pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. Os produtores fazem parte do programa SP Produz 2025, do governo do Estado de São Paulo, que oferece apoio estratégico para o fortalecimento das cadeias produtivas locais.

No estudo publicado na revista Biomass Conversion and Biorefinery , os pesquisadores compararam a extração de lúpulo na Atlântica Hops, no município de Juquiá, no Vale do Ribeira, utilizando os métodos convencional e supercrítico de CO₂. Enquanto a extração tradicional, que utiliza solventes orgânicos ou uma técnica conhecida como steam stripping, rende cerca de 15% de extrato com 9% de α-ácidos (compostos responsáveis pelo amargor da cerveja), o método com CO₂ alcança até 72% de α-ácidos. Além disso, o processo resulta em um volume menor, melhor conservação e um aumento de até 20% na produtividade da cerveja.

"Cada lúpulo tem um sabor único, que é definido pelo que chamamos de terroir , e é isso que a indústria está buscando. No estudo, também fizemos análises do perfil sensorial do extrato de lúpulo em pellets e do extrato que produzimos. Houve uma pequena mudança no sabor, mas a assinatura sensorial do produto permaneceu mais ou menos a mesma. Portanto, com toda essa melhoria de eficiência e qualidade, as caraterísticas do terroir são mantidas quase que integralmente", afirma.

Machado ressalta que a tecnologia testada no Vale do Ribeira se destaca por aderir aos princípios da química verde. Os métodos tradicionais utilizam grandes quantidades de água ou solventes derivados de petróleo para separar os óleos essenciais do lúpulo.

A extração supercrítica, por outro lado, utiliza o dióxido de carbono em condições de alta pressão e alta temperatura, onde este se encontra num estado entre o líquido e o gasoso (o estado supercrítico). Neste estado, o CO₂ actua como um solvente natural, penetrando profundamente na matéria-prima e extraindo os seus compostos com elevada eficiência.

"Além disso, o CO₂ utilizado na tecnologia supercrítica é recapturado no final do processo, o que evita emissões atmosféricas e elimina resíduos químicos no extrato. Isso torna o método mais eficiente e ambientalmente responsável", diz Machado.

O pesquisador afirma que o principal objetivo do projeto é oferecer aos produtores opções de cultivo com menor pegada ambiental e maior valor agregado (como é o caso do lúpulo), em vez de expandir as fronteiras agrícolas com commodities de baixo valor, como a soja e a cana-de-açúcar.

"Estamos falando de produzir mais em uma área cultivada muito menor, com uma cultura que responde bem às mudanças climáticas e oferece múltiplas possibilidades de mercado", ressalta o pesquisador.

Economia circular

Outra vantagem desta tecnologia é que os extractos resultantes podem ser utilizados não só na indústria cervejeira, mas também nos sectores cosmético e farmacêutico. Para além dos extractos, os investigadores analisaram os resíduos que sobram após a extração (lúpulo usado).

Johana Marcela Concha Obando, pós-doutoranda do INCT NanoAgro da UNESP envolvida no projeto, explica que os resíduos do lúpulo ainda contêm compostos bioativos com alto potencial antioxidante, como fenólicos e flavonoides. "Como a técnica não utiliza reagentes, esses resíduos não se perdem no processo e podem ser utilizados para outros fins", explica.

A análise bioquímica do estudo revelou que, mesmo após a retirada dos principais princípios ativos, a biomassa residual mantém propriedades que podem ser utilizadas em novos produtos. "Com o extrato, deixamos de atender apenas o nicho cervejeiro e passamos a atingir cinco, seis ou até dez setores diferentes", comemora Machado.

Observação: Este artigo foi traduzido usando um sistema de computador sem intervenção humana. A LUMITOS oferece essas traduções automáticas para apresentar uma gama mais ampla de notícias atuais. Como este artigo foi traduzido com tradução automática, é possível que contenha erros de vocabulário, sintaxe ou gramática. O artigo original em Inglês pode ser encontrado aqui.

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